quarta-feira, 21 de junho de 2017

Trabalho escravo de crianças no Estado Novo

Descrição para cegos: cartaz do filme mostra o rosto de 
um senhor negro em primeiro plano e de um menino 
negro ao fundo. Ainda aparecem os créditos da 
obra (parte superior) e o nome do filme 
e dos patrocinadores (parte inferior).
Por Marcella Machado

No lugar de nomes, números. Na infância de brincar, a escravidão. No mundo, os tentáculos do Nazismo se espalham. O movimento político fascista emerge no Brasil. Nos anos 1930 as elites roubaram a inocência de meninos negros e mulatos do país. Os garotos eram levados do orfanato Romão de Mattos Duarte, no Rio de Janeiro para uma fazenda na região de Campina do Monte Alegre, no estado de São Paulo.
No filme Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil do diretor Belisario Franca, lançado em 2016, as vítimas revisitam suas feridas e ganham o direito a voz. O longa acompanha a investigação do historiador Sidney Aguilar. Em 1998, o pesquisador ouviu uma aluna contar que havia visto "aquele símbolo alemão", a suástica, em tijolos de uma fazenda no interior paulista.

Naquele lugar, cerca de 50 meninos negros viveram quase dez anos em regime de trabalho escravo. Perdiam os nomes e passavam a ser identificados por números. A fazenda pertencia a família Rocha Miranda, integrantes da elite política e econômica do país, simpatizantes do nazismo. No local foram descobertos tijolos marcados com suásticas nazistas.
O documentário retrata a tragédia pela história de dois sobreviventes, Aloísio Silva, o “menino 23” que viveu na fazenda Santa Albertina, e de Argemiro Santos. A família de José Alves de Almeida (o “Dois”) também é ouvida. Participam ainda os historiadores Sidney Aguilar, Circe Bittencourt, Ediógenes Santos, Luis Edmundo, a escritora Ana Maria Gonçalves, o sociólogo José Luis Solazzi, o cientista político Edson Passetti, o professor de cinema Hernani Heffner e o historiador da educação José Gonçalves Gondra.
Em 1h20min, os sobreviventes relembram os anos de escravidão e os locais pelos quais passaram. No filme, os estudiosos contextualizam o Brasil da década de 30 e suas implicações na vida e na política nacional. Menino 23 é um documento que revela uma tragédia brasileira ocorrida com a autorização do Estado, em 1933.

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