Por
Marcella Machado
No
lugar de nomes, números. Na infância de brincar, a escravidão. No mundo, os
tentáculos do Nazismo se espalham. O movimento político fascista emerge no
Brasil. Nos anos 1930 as elites roubaram a inocência de meninos negros e
mulatos do país. Os garotos eram levados do orfanato Romão de Mattos Duarte, no
Rio de Janeiro para uma fazenda na região de Campina do Monte Alegre, no estado
de São Paulo.
No
filme Menino 23 - Infâncias Perdidas no
Brasil do diretor Belisario Franca, lançado em 2016, as vítimas revisitam
suas feridas e ganham o direito a voz. O longa acompanha a investigação do
historiador Sidney Aguilar. Em 1998, o pesquisador ouviu uma aluna contar que
havia visto "aquele símbolo alemão", a suástica, em tijolos de uma
fazenda no interior paulista.
Naquele
lugar, cerca de 50 meninos negros viveram quase dez anos em regime de trabalho
escravo. Perdiam os nomes e passavam a ser identificados por números. A fazenda
pertencia a família Rocha Miranda, integrantes da elite política e econômica do
país, simpatizantes do nazismo. No local foram descobertos tijolos marcados com
suásticas nazistas.
O
documentário retrata a tragédia pela história de dois sobreviventes, Aloísio Silva,
o “menino 23” que viveu na fazenda Santa Albertina, e de Argemiro Santos. A família
de José Alves de Almeida (o “Dois”) também é ouvida. Participam ainda os
historiadores Sidney Aguilar, Circe Bittencourt, Ediógenes Santos, Luis Edmundo,
a escritora Ana Maria Gonçalves, o sociólogo José Luis Solazzi, o cientista
político Edson Passetti, o professor de cinema Hernani Heffner e o historiador
da educação José Gonçalves Gondra.
Em
1h20min, os sobreviventes relembram os anos de escravidão e os locais pelos
quais passaram. No filme, os estudiosos contextualizam o Brasil da década de 30
e suas implicações na vida e na política nacional. Menino 23 é um documento que revela uma tragédia brasileira
ocorrida com a autorização do Estado, em 1933.
Nenhum comentário:
Postar um comentário