segunda-feira, 5 de junho de 2017

A Ditadura também foi corrupta

Descrição para cegos: Foto do delegado
Fleury, de frente para a câmera, com o 
olhar desviado para o seu lado direito.
Por Rebeca Neto

        Tendo em vista os recentes escândalos políticos de corrupção, muitos manifestantes têm ido às ruas para reivindicar mudanças no cenário político do Brasil. Nos protestos, são erguidas as bandeiras das Diretas Já! e as que pedem a volta do regime militar. É importante, portanto, lembrar que a Ditadura, foi, na verdade, o palco de alguns dos maiores escândalos de corrupção da história do país.
        Indicado como o líder do Esquadrão da Morte, grupo que realizou diversos extermínios, como a Chacina da Lapa, Sérgio Fernando Paranhos Fleury foi investigado por vários crimes cometidos durante o regime militar. Tráfico de drogas, torturas, assassinatos e extermínios foram algumas das atrocidades cometidas pelo delegado.

Fleury foi convocado, em 1968, pelo Departamento de Operações Políticas e Sociais (DOPS) para combater militantes que eram contra a Ditadura. Em meio a acusações, condenações e pedidos de prisão do ex-titular da Delegacia de Investigações Criminais (DEIC) de São Paulo, Sérgio Fleury foi eleito delegado do ano em 1974 e, novamente, em 1976. Foi homenageado pelo Exército Brasileiro com a Medalha do Pacificador, como resultado das participações que teve em ações desenvolvidas pelas Forças Armadas do Brasil. E recebeu, ainda, o título de Amigo da Marinha, pela Marinha de Guerra.
Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, afirmou, em entrevista ao portal Último Segundo, que, em 1973, “Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar. Não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria. E exobirtava. (...) Nessa época, o hábito de cheirar cocaína também já fazia parte de sua vida. Cansei de ver”. Segundo Cláudio, foi então que coronéis, comandantes e policiais se reuniram para decidir e planejar o que presume-se ter sido queima de arquivo.
A morte foi relatada, na época, como um acidente na lancha que Fleury havia acabado de comprar. Porém, de acordo com a entrevista de Cláudio Antônio Guerra, ele foi dopado e golpeado na cabeça com uma pedra e, assim, caiu no mar.
A vida e a morte de Sérgio Fleury foram, ambos, escândalos do regime militar e revelam para o atual contexto político do Brasil que, na política, não há Messias: a Ditadura também é corrupta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário