Descrição para cegos: Foto do delegado
Fleury, de frente para a câmera, com o
olhar desviado para o seu lado direito.
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Por
Rebeca Neto
Tendo em vista os recentes escândalos políticos de corrupção,
muitos manifestantes têm ido às ruas para reivindicar mudanças no cenário
político do Brasil. Nos protestos, são erguidas as bandeiras das Diretas Já! e as que pedem a volta do
regime militar. É importante, portanto, lembrar que a Ditadura, foi, na
verdade, o palco de alguns dos maiores escândalos de corrupção da história do
país.
Indicado como o líder do Esquadrão da Morte, grupo que
realizou diversos extermínios, como a Chacina da Lapa, Sérgio Fernando Paranhos
Fleury foi investigado por vários crimes cometidos durante o regime militar.
Tráfico de drogas, torturas, assassinatos e extermínios foram algumas das
atrocidades cometidas pelo delegado.
Fleury
foi convocado, em 1968, pelo Departamento de Operações Políticas e Sociais (DOPS)
para combater militantes que eram contra a Ditadura. Em meio a acusações,
condenações e pedidos de prisão do ex-titular da Delegacia de Investigações
Criminais (DEIC) de São Paulo, Sérgio Fleury foi eleito delegado do ano em 1974
e, novamente, em 1976. Foi homenageado pelo Exército Brasileiro com a Medalha do Pacificador, como resultado
das participações que teve em ações desenvolvidas pelas Forças Armadas do
Brasil. E recebeu, ainda, o título de Amigo
da Marinha, pela Marinha de Guerra.
Cláudio
Antônio Guerra, ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, afirmou, em entrevista
ao portal Último Segundo, que, em 1973, “Fleury tinha se
tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para
sustentar as ações clandestinas do regime militar. Não obedecia mais a ninguém,
agindo por conta própria. E exobirtava. (...) Nessa época, o hábito de cheirar
cocaína também já fazia parte de sua vida. Cansei de ver”. Segundo Cláudio, foi
então que coronéis, comandantes e policiais se reuniram para decidir e planejar
o que presume-se ter sido queima de arquivo.
A
morte foi relatada, na época, como um acidente na lancha que Fleury havia
acabado de comprar. Porém, de acordo com a entrevista de Cláudio Antônio Guerra,
ele foi dopado e golpeado na cabeça com uma pedra e, assim, caiu no mar.
A
vida e a morte de Sérgio Fleury foram, ambos, escândalos do regime militar e
revelam para o atual contexto político do Brasil que, na política, não há
Messias: a Ditadura também é corrupta.
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