sexta-feira, 9 de junho de 2017

Jaz a memória dos pretos novos

Descrição para cegos: Foto de um dos ambientes do Instituto de Pesquisa e Memória 
Pretos Novos. Em uma parede, vê-se 5 quadros com textos e imagens. Em frente ao 
segundo quadro, está uma visitante. No fundo, parede revestida com nomes de pessoas. Há fotos de escravizados penduradas no alto da sala. No centro, vê-se uma pirâmide de vidro que protege ossadas encontradas nas escavações.
Por Rebeca Neto

A prefeitura do Rio de Janeiro cortou subsídios do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e, assim, o maior cemitério de escravos da América fechará as portas. O instituto, que integra o Memorial dos Pretos Novos, já teve, aproximadamente, 70 mil visitas.
        O Memorial dos Pretos Novos, também conhecido como Cemitério dos Pretos Novos, funcionava no mercado do Valongo, zona portuária do Rio de Janeiro. Ele foi hospedagem, cemitério e local de tráfico de negros africanos recém-chegados. Destes, muitos chegavam ao Brasil já debilitados e outros não suportavam as longas viagens, que ocorriam em condições desumanas. O mercado do Valongo recebia os corpos, que eram simplesmente abandonados para decomposição ou, ainda, queimados e, em seguida, largados no terreno.
        Acredita-se que foram depositados, em valas coletivas, cerca de 20 a 30 mil negros, entre 1772 e 1830. O cemitério foi fechado em decorrência da proibição do tráfico negreiro. 166 anos depois, os proprietários de um terreno, localizado na região em que funcionava o mercado, ao realizarem escavações no intuito de reformar sua casa, encontraram ossadas que, posteriormente, foram identificadas como pertencentes aos pretos novos.
        A memória viva do cemitério que suportou o holocausto negro carioca – assim denominado por Merced Guimarães, fundadora do museu -, agora, morre, pela mesma indiferença com a qual foram tratados os que jazem no Cemitério dos Pretos Novos.

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