Por Rebeca Neto
A
prefeitura do Rio de Janeiro cortou subsídios do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e, assim, o maior
cemitério de escravos da América fechará as portas. O instituto, que integra o Memorial dos Pretos Novos, já teve,
aproximadamente, 70 mil visitas.
O Memorial
dos Pretos Novos, também conhecido como Cemitério dos Pretos Novos, funcionava no mercado do Valongo, zona
portuária do Rio de Janeiro. Ele foi hospedagem, cemitério e local de tráfico de
negros africanos recém-chegados. Destes, muitos chegavam ao Brasil já debilitados e outros não suportavam as longas viagens, que ocorriam em
condições desumanas. O mercado do Valongo recebia os corpos, que eram
simplesmente abandonados para decomposição ou, ainda, queimados e, em seguida,
largados no terreno.
Acredita-se que foram depositados, em
valas coletivas, cerca de 20 a 30 mil negros, entre 1772 e 1830. O cemitério
foi fechado em decorrência da proibição do tráfico negreiro. 166 anos depois,
os proprietários de um terreno, localizado na região em que funcionava o
mercado, ao realizarem escavações no intuito de reformar sua casa, encontraram
ossadas que, posteriormente, foram identificadas como pertencentes aos pretos
novos.
A memória viva do cemitério que suportou o holocausto negro
carioca – assim denominado por Merced Guimarães, fundadora do museu -, agora,
morre, pela mesma indiferença com a qual foram tratados os que jazem no
Cemitério dos Pretos Novos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário