segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Henning Boilesen: um financiador da tortura

Descrição para cegos: foto de Boilesen sentado, lendo discurso em uma folha de papel. Atrás dele aparecem algumas bandeiras. Ao alcance da sua mão, está uma taça com água.

Por Bruna Ferreira

         Henning Albert Boilesen, dinamarquês naturalizado brasileiro, ganhou seu lugar de importância no meio industrial principalmente por ser presidente da empresa Ultragás, uma das maiores distribuidoras de gás no país, nas décadas de 1970/80. Mas Boilesen também é uma da importante figura para entender como a classe empresarial estava financiando a ditadura no Brasil.
Assim como outros empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Boilesen foi um financiador da Operação Bandeirantes, a Oban, organizada em 1969 com o intuito de desarticular grupos revolucionários comunistas que surgiam na época, e cujo principal método usado para investigação desses grupos era a tortura.



Mas por que Henning Boilesen teve seu nome tão marcado nesse capítulo da história brasileira?
Porque, para Boilesen, financiar a Operação Bandeirantes não era só a chance de contribuir para manter privilégios e sustentar uma situação favorável ao capital, também era chance para se divertir através de crueldades. O empresário se aproveitava da sua proximidade com militares para assistir a sessões de tortura, assim como ele mesmo comprava máquinas de tortura usadas na Oban.
Foi assassinado em abril de 1971, com 19 tiros, por militantes do MRT e da Ação Libertadora Nacional, que alegaram em manifesto conjunto que a morte de Boilesen foi uma resposta direta aos assassinatos de líderes revolucionários.
O documentário Cidadão Boilesen, de 2009, dirigido por Chaim Litewskie, aborda a vida do empresário, investigando desde sua infância. Entrevistas com o filho dele, amigos e colaboradores civis ajudam a montar a personalidade de Boilesen.
Através de depoimentos de importantes figuras políticas, jornalistas e militantes, o documentário também traz um panorama geral de como a classe empresarial esteve envolvida no financiamento das violações dos direitos humanos.
O manifesto do MRT e ALN sobre o assassinato de Boilesen está disponível neste link.

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