sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Músicas nunca cantadas

Descrição para cegos: foto de mão tocando as
cordas de um violão.
Por Bruna Ferreira

Na segunda metade de 2016, documentos do acervo musical submetido à ditadura começaram a ser digitalizados e disponibilizados na internet. Entre eles foram encontradas músicas inéditas de Djavan.

Negro seria a única música do artista que abordaria o racismo explicitamente. Composta por volta de 1974 para seu primeiro disco, foi enviada ao produtor musical Aloysio de Oliveira, e não chegou a ser incluída no LP.
Até então, Djavan acreditava que o produtor não havia selecionado a música, quando na verdade ela foi vetada pela censura. Ocorre que, naquela época, todas as músicas a serem gravadas precisavam, antes, autorização do Departamento de Censura e Diversões Públicas da Polícia Federal. O veto foi justificado pelos censores por “trazer à tona o problema racial”.
Veja um trecho da letra de Negro:


Negra é a luz
Que se fechou no ar
Negros sonhos
Cantador do mar
Negro, lágrimas, correntes
Identificam a gente
De maneira má
Negro de coração forte
Teu sorriso é só amor
Que deus nos mandou dar
Negro eu
Negro você
Vida negra

A canção havia sido inspirada pelo preconceito que o alagoano havia sofrido em São Paulo, quando foi abordado por um policial que disse para ele que “Vai preso porque é preto”.
Além de Negro, Djavan também teve outras músicas censuradas: Joana, Como Posso Saber e Desgruda.

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