terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O atraso causado pela ditadura na resistência LGBT

Descrição para cegos: foto da bandeira do movimento
LGBT, formada por faixas horizontais com as cores do
arco íris, levantada em um mastro e balançando com
vento.
Por Bruna Ferreira


Por volta dos anos 60, movimentos de liberação sexual ganharam força na Europa e nos Estados Unidos. Apesar do discurso proposto por esses grupos repercutir no Brasil, o período foi marcado pela repressão aos grupos de resistência LGBT que tentavam se organizar.
O Estado exigia que os cidadãos seguissem um padrão de moral conservador e fez com que homossexuais e travestis fossem perseguidos e presos por policiais, sob a alegação de defesa da moralidade defendida pelo governo. A comunidade LGBT vivia, assim, um medo constante.
A moral defendida pelo Estado foi usada também como pretexto para censurar as artes com temática LGBT. A televisão, meio de comunicação mais massificado na época, era que sofria mais censura, pois os militares acreditavam que a abordagem de temas ligados à homossexualidade podia corromper os jovens, além de associar o tema a pornografia.

Livros foram proibidos, músicas foram vetadas e peças de teatro e filmes tirados de cartaz pelo mesmo motivo. Periódicos voltados para temáticas da comunidade LGBT também foram impedidos de circular durante a ditadura.
Como se não bastasse a interdição do tema pelo governo militar, o movimento LGBT também sofreu preconceito dentro dos movimentos de resistência à ditadura. A esquerda brasileira rejeitava assuntos que não colocassem a luta contra o regime militar como prioridade – assim como acontecia com o movimento LGBT, acontecia também com o movimento negro.
Só em 1978 surgiu o primeiro coletivo em defesa dos direitos da comunidade LGBT, o grupo Somos, e em 1979 ocorreu no Rio de Janeiro o primeiro encontro para debater a necessidade de incluir o respeito à orientação sexual na Constituição. E apesar das primeiras tentativas datarem o ano de 1976, o terror instaurado pela ditadura tornou o momento inviável. 

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