Descrição para
cegos: capa do disco “Chico Buarque”, de 1978. Nela, em primeiro plano, Chico
Buarque aparece sorrindo para a câmera e, atrás dele, algumas plantas.
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Por Marina Ribeiro
Ao voltar ao Brasil
em 1970, depois de um autoexílio na Itália, Chico Buarque encontrou um regime
ainda mais repressivo, sob o governo do presidente Médici. Censura em todas as
partes perseguiam compositores como ele. Enquanto isso, uma onda nacionalista crescia,
representada por músicas como Eu te amo,
meu Brasil, da dupla Dom & Ravel.
Foi nesse contexto
que Chico escreveu uma de suas mais famosas músicas de protesto contra a
ditadura. Apesar de Você foi lançada
em 1970 como um compacto simples (formato de disco de vinil com 8 polegadas,
trazia uma música de cada lado) e logo fez sucesso, atingindo a marca de 100
mil cópias vendidas e sendo tocada nas rádios de todo o Brasil. A letra, que
criticava o regime, principalmente o presidente, estava disfarçada como uma
briga de casal, não tendo problemas para ser inicialmente aprovada pela
censura.
Porém, no ano seguinte,
surgiram comentários de que o você
na letra da música se referia ao presidente Emílio Médici (“Hoje você é quem manda/ falou, tá falado/
não tem discussão”(...) “Apesar de você/
amanhã há de ser outro dia”). A justificativa dada por Chico, de que o você seria uma mulher autoritária, não
convenceu. Assim, a música foi censurada e só voltou a ser tocada nas rádios do
país em 1978, quando fez parte do álbum Chico
Buarque.
Depois desse
episódio, o compositor continuou a sofrer censura, tendo que recorrer a
pseudônimos como Julinho da Adelaide
para ter suas canções aprovadas.
"Apesar de você" – versão original de 1970
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