quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O atentado frustrado ao Riocentro

Descrição para cegos: cartaz do show que ocorreu no Riocentro em 30 de abril de 1981. No cartaz há o desenho de um homem cantando usando uma ferramenta como microfone além da lista dos artistas confirmados.

Por Marina Ribeiro


Na véspera do Dia do Trabalho de 1981, cerca de 20 mil jovens estavam no centro de convenções Riocentro, na capital fluminense, para um show de música popular brasileira que contava com artistas como Chico Buarque, Fagner, Luiz Gonzaga Jr., Elba Ramalho e Djavan. O show em comemoração aos trabalhadores poderia ter acabado de forma trágica.

No estacionamento do Riocentro, com o show já em andamento, uma bomba explodiu em um carro Puma, de placa OT-0297, matando um dos seus ocupantes e ferindo o outro gravemente. Estavam no carro o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, codinome “Dr. Marcos”, e o sargento Guilherme Pereira do Rosário, codinome “agente Wagner” – este morto na hora.
O artefato explodiu antes da hora, já que, segundo investigação policial, a bomba seria colocada sob o palco principal, causando muitas mortes. Além da bomba no estacionamento, outra explodiu na miniestação elétrica do Riocentro. Esse segundo explosivo tinha o objetivo de interromper o show e causar tumulto, sendo outra tentativa frustrada, pois o fornecimento de energia não foi comprometido.
Na época, a linha dura do Exército tentou encobrir o caso e tratou os dois militares envolvidos como vítimas que estavam investigando uma possível ameaça terrorista. O inquérito policial foi manipulado e o caso arquivado.
Em 1999, o caso foi reaberto e quatro militares foram considerados responsáveis: os dois ocupantes do Puma, o general e ex-chefe da Agência Central do SNI, Newton Cruz, e o chefe da agência do SNI na época, coronel Freddie Perdigão, este sendo o grande articulador do atentado.
O principal motivo seria retardar a abertura política que acontecia no início da década de 80. O atentado seria atribuído às organizações contra o regime militar, o que ocasionaria uma justificativa para a volta de uma repressão mais violenta.


Relatório da Comissão Nacional da Verdade sobre o caso “Riocentro”
 

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