Por
Marina Ribeiro
Na véspera do Dia do
Trabalho de 1981, cerca de 20 mil jovens estavam no centro de convenções
Riocentro, na capital fluminense, para um show de música popular brasileira que
contava com artistas como Chico Buarque, Fagner, Luiz Gonzaga Jr., Elba Ramalho
e Djavan. O show em comemoração aos trabalhadores poderia ter acabado de forma
trágica.
No estacionamento do
Riocentro, com o show já em andamento, uma bomba explodiu em um carro Puma, de
placa OT-0297, matando um dos seus ocupantes e ferindo o outro gravemente.
Estavam no carro o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, codinome “Dr. Marcos”, e
o sargento Guilherme Pereira do Rosário, codinome “agente Wagner” – este morto
na hora.
O artefato explodiu
antes da hora, já que, segundo investigação policial, a bomba seria colocada
sob o palco principal, causando muitas mortes. Além da bomba no estacionamento,
outra explodiu na miniestação elétrica do Riocentro. Esse segundo explosivo
tinha o objetivo de interromper o show e causar tumulto, sendo outra tentativa
frustrada, pois o fornecimento de energia não foi comprometido.
Na época, a linha
dura do Exército tentou encobrir o caso e tratou os dois militares envolvidos
como vítimas que estavam investigando uma possível ameaça terrorista. O
inquérito policial foi manipulado e o caso arquivado.
Em 1999, o caso foi
reaberto e quatro militares foram considerados responsáveis: os dois ocupantes
do Puma, o general e ex-chefe da Agência Central do SNI, Newton Cruz, e o chefe
da agência do SNI na época, coronel Freddie Perdigão, este sendo o grande
articulador do atentado.
O principal motivo
seria retardar a abertura política que acontecia no início da década de 80. O
atentado seria atribuído às organizações contra o regime militar, o que
ocasionaria uma justificativa para a volta de uma repressão mais violenta.
Relatório
da Comissão Nacional da Verdade sobre o caso “Riocentro”
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