Descrição para cegos: foto de Dom Marcelo jovem, de batina, olhando para a câmera. |
Por Marcella Machado
“Não basta que não
haja ditadura, é preciso que haja um tipo de governo que se preocupe com as
causas do povo, da grande maioria. Essas causas são causas de Deus”. Assim
falava o sacerdote que foi preso e torturado durante o Regime Militar no
Brasil. Dom Marcelo Pinto Carvalheira viveu 88 anos. Em 25 de março de 2017
expirou.
Pelas
mãos de Dom Hélder Câmara, Dom Aloísio Lorscheider e Dom José Maria Pires, em
1975, ordenou-se bispo. Ao lado de Dom Hélder lutou na defesa dos mais pobres e
das causas sociais. No auge dos Anos de Chumbo abrigou militantes
políticos e líderes católicos perseguidos.
Levado
preso para o DOI-CODI, em 1969, em Porto Alegre, não revelou nenhuma informação aos
agentes, mesmo submetido à tortura. Foram cerca de 50 dias encarcerado. “Eu fui
fazer uma reciclagem lá no Sul e me prenderam. No fundo porque achavam que eu
estava articulado com Dom Hélder para levantar o Brasil e derrubar o regime”,
comentava em entrevistas.
Dom Marcelo Pinto
Carvalheira foi o primeiro bispo da Diocese de Guarabira, designado em novembro
de 1981, nos anos finais da Ditadura. Incentivou padres a denunciar à Justiça o
“Esquadrão da Morte”, grupo que atuava realizando homicídios em série de criminosos
e inocentes. Adepto da Teologia da Libertação, também defendeu os trabalhadores
rurais sem terra da Paraíba e padres ameaçados.
Já de volta à
democracia, em 29 de novembro de 1995 foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese da
Paraíba. Deixou o cargo apenas quando atingiu a idade limite para o governo
diocesano, em 2004.
O nome de Dom
Marcelo Pinto Carvalheira está marcado na memória e na história da Paraíba,
sendo, antes de tudo, um símbolo de resistência.
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