segunda-feira, 10 de abril de 2017

Dom Marcelo Carvalheira para derrubar o regime

Descrição para cegos: foto de Dom Marcelo
jovem, de batina, olhando para a câmera.
Por Marcella Machado

“Não basta que não haja ditadura, é preciso que haja um tipo de governo que se preocupe com as causas do povo, da grande maioria. Essas causas são causas de Deus”. Assim falava o sacerdote que foi preso e torturado durante o Regime Militar no Brasil. Dom Marcelo Pinto Carvalheira viveu 88 anos. Em 25 de março de 2017 expirou.
Pelas mãos de Dom Hélder Câmara, Dom Aloísio Lorscheider e Dom José Maria Pires, em 1975, ordenou-se bispo. Ao lado de Dom Hélder lutou na defesa dos mais pobres e das causas sociais. No auge dos Anos de Chumbo abrigou militantes políticos e líderes católicos perseguidos.
Levado preso para o DOI-CODI, em 1969, em Porto Alegre, não revelou nenhuma informação aos agentes, mesmo submetido à tortura. Foram cerca de 50 dias encarcerado. “Eu fui fazer uma reciclagem lá no Sul e me prenderam. No fundo porque achavam que eu estava articulado com Dom Hélder para levantar o Brasil e derrubar o regime”, comentava em entrevistas.
Dom Marcelo Pinto Carvalheira foi o primeiro bispo da Diocese de Guarabira, designado em novembro de 1981, nos anos finais da Ditadura. Incentivou padres a denunciar à Justiça o “Esquadrão da Morte”, grupo que atuava realizando homicídios em série de criminosos e inocentes. Adepto da Teologia da Libertação, também defendeu os trabalhadores rurais sem terra da Paraíba e padres ameaçados.
Já de volta à democracia, em 29 de novembro de 1995 foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba. Deixou o cargo apenas quando atingiu a idade limite para o governo diocesano, em 2004.
O nome de Dom Marcelo Pinto Carvalheira está marcado na memória e na história da Paraíba, sendo, antes de tudo, um símbolo de resistência.

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