Descrição para cegos: a imagem mostra o convite para a
missa
de 7° dia de Alexandre Vannucchi. Foto: DCE Livre da USP.
Por
Cibelle Torres
São
Paulo, 30 de março de 1973. Mais um dia comum do Regime Militar; violência,
censura e terror ainda faziam parte do cotidiano dos brasileiros. Porém,
naquela sexta-feira um movimento diferente acontecia na Catedral da Sé.
O
convite, entregue no dia 27 de março, dizia: “Os alunos da Geologia USP
convidam V.S. para a missa de 7° dia de Alexandre Vannucchi Leme dia 30, às
18:30 hs. na Catedral da Sé”. E assim aconteceu. Cerca de 5 mil pessoas
estiveram presentes à cerimônia celebrada em memória de Alexandre, um jovem
estudante de Geologia que participava do movimento estudantil e militava no
grupo clandestino Ação Libertadora Nacional (ALN). Preso por agentes do
Destacamento de Operações de Informações de São Paulo (DOI), no dia 16 de março
de 1973, o militante não resistiu à tortura e faleceu na tarde do dia seguinte.
A versão divulgada pelos órgãos de segurança foi que ele havia sido atropelado
durante uma tentativa de fuga.
A
missa celebrada por Dom Paulo Evaristo Arns reuniu estudantes, autoridades,
sindicatos e militantes contra a Ditadura. Um ato realizado após a celebração
tornou-se a primeira grande manifestação pública de oposição ao Regime desde as
manifestações de 1968.
Veículos
policiais e tropas de choque fizeram barreiras no centro de São Paulo,
resultando na prisão de dezenas de jovens que tentavam ir à missa, o que
aumentou ainda mais o sentimento de revolta entre os jovens. Esses
acontecimentos brutais impulsionaram o ressurgimento do movimento estudantil
brasileiro.
Somado
ao ato religioso, foi realizado um show do cantor e compositor Gilberto Gil,
que, além de cantar, se pronunciou sobre assuntos delicados como política e
movimento estudantil.
Em
homenagem a Minhoca, codinome de Alexandre, o DCE-Livre da USP foi batizado com
o seu nome, em sinal de reconhecimento a sua luta pela reorganização desse
diretório.
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