quinta-feira, 6 de abril de 2017

A Ditadura na Baixada Fluminense

Descrição para cegos: imagem mostra a capa do
livro "A Baixada Fluminense e a Ditadura Militar -
Movimentos sociais, repressão e poder local".
Consiste do título da obra em letras grandes,
sobre um fundo esmaecido de um alambrado.
Foto: Divulgação.

Por Marisa Rocha

O período da Ditadura Militar afetou a vida dos brasileiros em diversos aspectos. Alguns deles, como a política, estiveram na linha de frente no que diz respeito à repressão. O governo municipal de Nova Iguaçu, por exemplo, sofreu grande interferência militar. A cidade teve diversos prefeitos com mandatos cassados, quando estes se mostravam contrários ao governo dos militares. 
O procedimento era o seguinte: a Câmara Municipal, sob ordens dos militares, abria um processo pedindo o afastamento do prefeito em exercício, alegando que havia irregularidades no governo. Após alguns meses afastado, o prefeito era destituído do cargo e substituído por um interventor, indicado pela repressão. Vale ressaltar que na maioria desses casos as acusações não eram investigadas, tampouco comprovadas.
A Igreja Católica também sofreu sob a atuação dos militares. Dom Adriano Hypolito,bispo da cidade de Nova Iguaçu na época, foi um dos personagens principais da luta contra a Ditadura na Baixada Fluminense. Em certa ocasião, o religioso foi sequestrado, despido e pintado com tinta vermelha – uma referência ao comunismo – como forma de intimidação.
Histórias como essas estão reunidas no livro A Baixada Fluminense e a ditadura militar – Movimentos sociais, repressão e poder local, lançado pela Editora Prisma, e mostram como o regime ditatorial interferiu diretamente na vida das cidades dessa região do Rio de Janeiro.
O livro, organizado por pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), descreve acontecimentos, até então desconhecidos, do período ditatorial na Baixada. A publicação narra também a atuação dos dois grupos de repressão existentes na referida região: o que os organizadores chamam de “oficial”, exercido pelos próprios militares; e o “não oficial”, realizado pelos esquadrões da morte. A obra é resultado da união de diversos trabalhos feitos ao longo dos últimos dez anos, como dissertações, teses e relatórios de comissões da verdade.



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