Por Iago Sarinho
A cobertura internacional sobre o
processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, além
de causar efervescência e debates contundentes na sociedade brasileira, vem
sendo acompanhado com destaque pelos principais veículos de comunicação do
mundo.
Periódicos de destaque e redes de
comunicação como o “The New York Times” (EUA), “BBC” (Inglaterra), “Le Monde”
(França), “The Economist” (Inglaterra), “CNN” (EUA) e El País (Espanha), têm
acompanhado de perto as movimentações do cenário político no Brasil. E por incrível
que pareça, tem saído desses meios as fontes mais isentas e completas na
cobertura do caso.
A mídia brasileira é historicamente vinculada com interesses externos e diretamente ligada a movimentos como os que levaram ao golpe militar em 1964. Nesse sentido, boa parte dos maiores veículos brasileiros tem feito uma cobertura pouco isenta da situação nacional, tomando partido direto na situação e utilizando suas estruturas informacionais para literalmente mobilizar as massas em torno de um dos lados da disputa. Por conta desse interesse direto no resultado do processo, a cobertura em âmbito nacional tem deixado de lado debates importantes sobre o sistema político brasileiro.
Na contramão disso, a imprensa
internacional tem dado destaque ao envolvimento direto da maior parte do
Congresso Nacional com a corrupção que os mesmos agora julgam e o fato de que,
ao menos até agora, diferente da maior parte dos deputados que votaram sim pelo
prosseguimento do processo de impeachment, do Vice Presidente Michel Temer e do
Presidente da Câmara dos deputado, Eduardo Cunha (estes últimos, 1º e 2º na
linha sucessória à presidência), a presidenta Dilma não foi ligada à nenhum
processo de corrupção.
A expectativa e preocupação externa
sobre os rumos da política brasileira e o Brasil é tão grande que tem dividido
páginas e capas com o acirrado processo eleitoral americano. A análise externa
tem se pautado, além do sistema político completamente comprometido no Brasil,
com as implicações para a política externa global e para a economia brasileira,
que afeta diretamente relações na América Latina e em todo o mundo.
De um modo geral, a leitura é que ao
menos, até que se prove o contrário, a presidenta Dilma, que não se enquadra no
jogo da corrupção, tem sido julgada por corruptos e que esse processo tem
enfraquecido a já frágil democracia e contribuído para o esfacelamento das
instituições no país, além de afetar a credibilidade e confiança externa no
Brasil enquanto uma nação capaz de resolver suas questões internas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário