quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Copa do Mundo de 1970

Descrição para cegos: O ditador Emílio Médici segura a taça da Copa de 1970 em frente ao palácio da Alvorada em meio a uma multidão.


O tema ditadura militar tem potencial para fomentar reflexões e discussões por remeter a um momento histórico de repressão, perseguição a opositores e falta de democracia. O que herdamos foram imagens, memórias e registros de violência e autoritarismo contra os seres humanos.
A Copa do Mundo de 1970, na qual o Brasil se tornou tricampeão, serviu como pano de fundo para um dos momentos mais duros do regime militar que se iniciou com o golpe de 1964.
Se a repressão diária não estampava os jornais, com a vitória triunfante da seleção comandada pelo técnico Zagalo e por uma equipe na qual se destacava o talento de Pelé, a ditadura aproveitou o momento para desviar ainda mais a atenção para o que acontecia nos cárceres e quartéis.
O Presidente Emílio Garrastazu Médici aproveitou o tricampeonato para obter uma taxa de aprovação de seu governo, o Brasil se tornou futebol, o futebol passou a simbolizar o governo. Os anos de chumbo se tornaram blindados, a publicidade que trazia o crescimento econômico, divulgada pelo governo e enfatizada pela mídia cúmplice, escondia o cenário de repressões, censuras e controle midiático. A seleção saiu campeã, e o governo também, proclamando a nação a cantar “Pra frente, Brasil! Salve a seleção”.


Anne Nunes

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