Descrição para cegos: Desenho da bandeira nacional com um homem nu amarrado na faixa “Ordem e Progresso” como em um pau de arara. |
Era madrugada,
e acordei assustado. Tive um sonho. Foi um pesadelo. Suspirei, e fiquei feliz
por ter conseguido acordar. Triste, porém, pelo fato de que a consciência que
me veio ter sido um tanto dura.
Viajei até os
anos sessenta, me despi dos meus trajes e adereços presentes. Eu mesmo era o
grito das ruas ensanguentadas. Era a voz da frente, que mesmo abafada, buscava
o auto clarear. Me senti burlado, enganado.
Me via nos
braços, eu mesmo sendo os braços de bravo da UNE, das mães e dos pais ocupados
na preocupação de um regime que não media limites em suas ações. Eu fui ao
regime militar. Eu fui ao Brasil que chorou.
Vivi a
tristeza de um povo, eu mesmo fiquei tão triste. Fui aos anos noventa, cheguei
aos anos dois mil. Senti que cheguei ao meu eu, ao momento presente. Senti que
há muitas lembranças, ainda, lá atrás, que clamam vir ao presente, clamam pular
o pesadelo, acordar, e respirar o ar, que um dia lhes tomaram.
Normando
Junior
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