segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Elizabeth Teixeira e João Pedro Teixeira: sinônimo de luta e de dor

Descrição para cegos: trata-se de uma foto antiga, do casal Elizabeth e João Pedro sentados, cercados de 11 filhos e filhas. A primogênita, que também está sentada, segura o caçula, ainda um bebê, no colo.

Elizabeth Teixeira, paraibana, nascida em 13 de fevereiro de 1925, no município de Sapé, construiu uma vida em meio a lutas por justiça, terra, liberdade e perdas, provocadas pelo regime militar.
Elizabeth é viúva do líder camponês João Pedro Teixeira, que teve sua trajetória retratada em uma narrativa documental pelo cineasta Eduardo Coutinho. João Pedro fundou , em 1958, a Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé, a primeira liga camponesa fundada na Paraíba, que passou a atuar a partir da década de 1960, como ferramenta de organização do movimento agrário.
João Pedro Teixeira, juntamente com outros líderes camponeses, como Nego Fuba, percorria diversos lugares para conscientizar os camponeses da realidade a que os grandes latifundiários lhes submetiam. Em outra frente estava Elizabeth, que realizava reuniões em casa, responsável pela filiação dos novos membros.
No entanto, esta digna batalha pela terra e melhores condições de vida e trabalho, desencadeou um processo de forte repressão e perseguição aos líderes, com prisões e assassinatos liderados pelos grandes proprietários de terras. João Pedro sempre avisara a Elizabeth que seu fim estava próximo e pedia para que ela continuasse sua luta. João Pedro Teixeira foi assassinado em 2 de Abril de 1962, pela repressão às forças camponesas.
Elizabeth Teixeira seguiu no movimento em ascensão como uma das novas líderes do movimento sindical agrário do Nordeste, em meio a uma sociedade atrasada e preconceituosa. No entanto, a violência no campo parecia aumentar e Elizabeth passou a ser vítima de ameaças, que incluíam tiros na porta de sua casa.
Com o Golpe Militar, Elizabeth foi presa pelo Exército e permaneceu em cárcere por oito meses. A líder que já havia perdido uma filha, tomou conhecimento da morte de mais dois filhos. Após cumprir o tempo na prisão, Elizabeth vai para a clandestinidade, longe dos filhos, dos quais não teve mais notícias por anos. Em meados da década de 1980, o cineasta Eduardo Coutinho finaliza seu filme “Cabra Marcado para Morrer”, que havia sido interrompido pela ditadura militar, e como agradecimento a Elizabeth, lhe dá uma casa em João Pessoa, no bairro de Cruz das Armas.
Recentemente, a Comissão Estadual da Verdade e da Memória promoveu o reencontro de Elizabeth com seus filhos vivos, separados pela ditadura. Dos onze filhos, restaram cinco.
Elizabeth Teixeira,
Como o marido virou
Um mito da Paraíba
Que pagou um preço alto
Por sonhar por igualdade
Respeito, paz e amor


Trecho da poesia de cordel de Francisco Ferreira Filho Diniz 

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