Elizabeth
Teixeira, paraibana, nascida em 13 de fevereiro de 1925, no município de Sapé,
construiu uma vida em meio a lutas por justiça, terra, liberdade e perdas,
provocadas pelo regime militar.
Elizabeth
é viúva do líder camponês João Pedro Teixeira, que teve sua trajetória
retratada em uma narrativa documental pelo cineasta Eduardo Coutinho. João
Pedro fundou , em 1958, a Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas
de Sapé, a primeira liga camponesa fundada na Paraíba, que passou a atuar a
partir da década de 1960, como ferramenta de organização do movimento agrário.
João
Pedro Teixeira, juntamente com outros líderes camponeses, como Nego Fuba,
percorria diversos lugares para conscientizar os camponeses da realidade a que
os grandes latifundiários lhes submetiam. Em outra frente estava Elizabeth, que
realizava reuniões em casa, responsável pela filiação dos novos membros.
No
entanto, esta digna batalha pela terra e melhores condições de vida e trabalho,
desencadeou um processo de forte repressão e perseguição aos líderes, com
prisões e assassinatos liderados pelos grandes proprietários de terras. João
Pedro sempre avisara a Elizabeth que seu fim estava próximo e pedia para que
ela continuasse sua luta. João Pedro Teixeira foi assassinado em 2 de Abril de 1962,
pela repressão às forças camponesas.
Elizabeth
Teixeira seguiu no movimento em ascensão como uma das novas líderes do
movimento sindical agrário do Nordeste, em meio a uma sociedade atrasada e
preconceituosa. No entanto, a violência no campo parecia aumentar e Elizabeth
passou a ser vítima de ameaças, que incluíam tiros na porta de sua casa.
Com
o Golpe Militar, Elizabeth foi presa pelo Exército e permaneceu em cárcere por
oito meses. A líder que já havia perdido uma filha, tomou conhecimento da morte
de mais dois filhos. Após cumprir o tempo na prisão, Elizabeth vai para a
clandestinidade, longe dos filhos, dos quais não teve mais notícias por anos.
Em meados da década de 1980, o cineasta Eduardo Coutinho finaliza seu filme
“Cabra Marcado para Morrer”, que havia sido interrompido pela ditadura militar,
e como agradecimento a Elizabeth, lhe dá uma casa em João Pessoa, no bairro de
Cruz das Armas.
Recentemente,
a Comissão Estadual da Verdade e da Memória promoveu o reencontro de Elizabeth
com seus filhos vivos, separados pela ditadura. Dos onze filhos, restaram
cinco.
Elizabeth Teixeira,
Como o marido virou
Um mito da Paraíba
Que pagou um preço alto
Por sonhar por igualdade
Respeito, paz e amor
Trecho da
poesia de cordel de Francisco Ferreira Filho Diniz
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