quinta-feira, 20 de julho de 2017

Vladimir Herzog - 80 anos

Descrição para cegos: foto de escultura da Câmara Municipal de São Paulo em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog. É a silhueta de um homem com braços levantados e a face virada para cima.

Por Matheus Couto 

Nascido Vlado Herzog em 1937 na cidade de Osijsk, Iugoslávia, Vladimir Herzog foi jornalista e professor da USP. Migrou para São Paulo com sua família fugindo do nazismo, e lá naturalizou-se brasileiro.  
Com o golpe em 64, Vladimir resolveu viajar à Inglaterra com sua esposa, onde trabalhou na BBC e teve dois filhos. Voltou, então, em 1968 e foi Secretário de Cultura em São Paulo em 1975, ano que em que viria a morrer e se tornar um mártir da história brasileira. 
Foi em 24 de outubro de 1975 que dois agentes do regime foram procurar o jornalista em seu local de trabalho a fim de colher depoimentos sobre sua suposta ligação com o PCB (Partido Comunista Brasileiro), que agia clandestinamente desde o início da ditadura.  
No dia seguinte, 25, apresentou-se espontaneamente no local onde funcionava o Destacamento de Operações de Informações (DOI), parte do Centro de Operações de Defesa Interna, (CODI). Lá foi encapuzado e amarrado a uma cadeira, sufocado com amoníaco e submetido a torturas físicas como espancamento e choques elétricos, práticas comuns e de rotina com presos do regime. Vladimir não resistiu à sessão de tortura e morreu nas mãos dos torturadores. 
A história a se contar logo adotada pelo regime foi a de suicídio, que não foi aceita pelos movimentos sociais, e estes então começaram a questioná-la organizando manifestações lideradas por integrantes dos veículos e sindicatos de comunicação. Porém, somente após muitos anos e lutas da família e de tantos outros que buscavam a justiça na história, essa tese foi oficialmente refutada e a morte e responsabilização do estado foram confirmadas. 
Herzog, que completaria 80 anos no último mês de junho, foi um jornalista que sonhava ser cineasta, mas foi impedido pelo regime; um ícone da luta contra a ditadura e pelos direitos humanos; um dos muitos da comunicação e da história que tiveram arrancados de si o direito de viver e lutar pela reconstrução da democracia brasileira. Mas sua memória vive e a verdade de sua história ajuda a reconstruir a do Brasil.

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