Descrição para cegos - Cartaz do filme mostra perfil de um dos integrantes do grupo Dzi Croquettes com maquiagem exagerada e longos cílios postiços |
Por Bianca Patrícia
Dzi
Croquettes foi um grupo de teatro e dança que surgiu como um antagonismo no
Brasil. O conjunto que enaltecia a ousadia artística em seus mais diversos
sentidos iniciou suas atividades na fase considerada a mais opressiva da
ditadura. Foi o período da instauração do AI-5 (Ato Institucional Nº 5), quando
o governo autoritário militar, que havia assumido em 1964, dominou as
liberdades individuais da forma mais rigorosa e violenta possível.
Em
uma fase de maniqueísmo político muito parecida com a que vivemos atualmente, o
conjunto, indo contra essa onda, trazia todas as pluralidades que uma pessoa
pode carregar em si. Eram homens vestidos de mulheres que não se declaravam como
nenhum dos dois sexos: eram pessoas. Andróginos, livres e à frente do seu
tempo, foram uma lição e um sucesso da liberdade sexual que inspirou muitos e
tem sido ignorado contemporaneamente.
Não
é à toa que as gerações mais atuais não têm uma boa memória dos comportamentos dos
anos 70. Mesmo esse momento histórico tendo sido uma das épocas mais criativas
que o país já viveu, a “cultura da censura” conseguiu ocultar grande parte da
herança artística do país, e a nação vive os efeitos colaterais dessas repressões
até hoje. A exemplo disso, apesar de estudarem o período militar no Brasil, são
raras as pessoas que conhecem movimentos como este: o Dzi Croquettes foi uma
revolução comportamental tão inovadora que os encarregados da censura não
conseguiam definir onde estava a ameaça. Um movimento muito além do físico, Dzi
confrontou o fechamento das mentalidades através da inteligência.
A história do grupo é narrada em um documentário lançado em 2009 com direção de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, um dos mais premiados da história do Brasil, com mais de 17 prêmios nacionais e internacionais.
Veja o trailer:
conheci de perto o DZI CROQUETES, convivi muito com o grupo entre Búzios e Salvador, fui aluna de dança do maravilhoso Lenne Dee início dos anos 80 , e posteriormente encontrei -me com um dos sobreviventes do grupo o talentoso My Good,atualmente dono de uma pousada na praia de Mar Grande na ilha de Itaparica na Bahia. Saudades enormes desse grupo para além das estéticas alucinoginas do LSD, da sexualidade , do corpo e da mente . DZI CROQUETTES é parte de minha vida setentista . Memória alegórica, repudio ao Brasil sem Memória
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