Descrição para cegos:a imagem mostra a capa do filme "Retratos de Identificação" que contém 4 fotos de presos políticos divididas em duas colunas e seguidas pelo título do longa. |
Por Samara Mello
Um filme feito a partir de memórias
para gerar memórias. É esta a primeira afirmação que me vem sobre o filme Retratos de Identificação (Anita
Leandro, 2014).
O filme nos traz a história de vida de
quatro ex-guerrilheiros, Antônio Roberto Espinosa, Reinaldo Guarany, Chael
Schreier e Maria Auxiliadora Lara Barcellos (Dora).
Como fio condutor para essas histórias,
temos os acervos fotográficos dos instrumentos de repressão da ditadura militar
e a partir daí elas começam a ser narradas.
Sem retoques ou arrodeios, os dois
sobreviventes narram esse parte de suas vidas. Antônio Roberto Espinosa fala da
sua prisão ao lado de Dora e de Chael Schreider, todos pertencentes à Vanguarda
Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Presos no aparelho onde moravam no Rio
de Janeiro, foram levados ao DOPS e em seguida para a Vila Militar onde Chael
Schereier foi morto.
Já Reinaldo Guarany narra seu exílio junto com Dora até o suicídio dela. Exílio que começou desde o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher.
Os dois narram histórias pessoais, mas também histórias que fazem parte da construção do Brasil e que muitos teimam em tentar esquecer.
Para os que teimam em esquecer ou os
que querem ajudar a manter viva esta história, ver cada um deles na tela,
conhecer suas histórias, seus barulhos e seus silêncios nos leva a uma
compreensão mais humana e verdadeira do que foram aqueles anos e dos vestígios
que ainda existem deles.
Além
de ver estes guerrilheiros, a diretora Anita Leandro conseguiu de alguma forma
muito singular nos colocar dentro das angústias e aflições que eles viveram. É
como viver com eles aquelas memórias. E desse momento construir uma memória
viva, honesta e real daquela fase da história do Brasil.
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