Descrição para
cegos: foto de Frei Tito
olhando para a câmera. |
Por Marina Ribeiro
Nascido em Fortaleza, Tito de Alencar Lima
mudou-se para Recife em 1963, com apenas 18 anos, para assumir a direção da
Juventude Estudantil Católica. Em 1966, entrou para o noviciado dos dominicanos
em Belo Horizonte e, no ano seguinte, foi estudar Filosofia na USP.
Em 1968, Tito foi preso por sua participação em um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes (UNE), no interior de São Paulo. Perseguido pela repressão militar, foi preso novamente em novembro de 1969, acusado de colaborar com Carlos Marighella, um dos líderes do movimento contra a ditadura. Levado para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) pelo delegado Sergio Fleury, ele foi torturado por 30 dias, antes de seguir para o Presídio Tiradentes.
Em 1968, Tito foi preso por sua participação em um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes (UNE), no interior de São Paulo. Perseguido pela repressão militar, foi preso novamente em novembro de 1969, acusado de colaborar com Carlos Marighella, um dos líderes do movimento contra a ditadura. Levado para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) pelo delegado Sergio Fleury, ele foi torturado por 30 dias, antes de seguir para o Presídio Tiradentes.
Em fevereiro de 1970, Tito foi levado para os
porões da Operação Bandeirante (Oban), conhecida como “sucursal do inferno”.
Lá, sofreu sessões de choques, queimaduras e pauladas por todo o corpo. Seus
torturadores queriam informações sobre o congresso clandestino da UNE e os
nomes de outros religiosos que estavam “tramando” contra os militares.
Esgotado pelos dias de tortura, tentou tirar
a própria vida, mas foi levado ao hospital antes de pôr um fim ao seu
sofrimento. Durante quase um ano em que esteve preso na Oban, Frei Tito escreveu
sobre seu calvário. Descreveu seu dia a dia na prisão e, com muitos detalhes,
as torturas às quais fora submetido. Seus escritos se tornaram um símbolo na
luta pelos direitos humanos.
Em 1971, após ser banido do país, ele foi
para o Chile, de lá para a Itália, e finalmente para Paris, onde foi acolhido
pelos dominicanos. As memórias do seu martírio o acompanharam. Tentou ajuda
psiquiátrica, mas nada conseguiu lhe trazer paz. Uma vez disse ter visto
Fleury, um de seus torturadores, no convento onde morava. Cometeu suicídio em
10 de agosto de 1974 e foi enterrado na França. Seu corpo foi trazido ao Brasil
nove anos depois, ocasião em que uma missa, com a presença de quatro mil
pessoas, foi celebrada.
Trecho do relato de Frei
Tito:
“Fui
levado do presídio Tiradentes para a “Operação Bandeirantes”, OB (Polícia do
Exército), no dia 17 de fevereiro de 1970, 3ª feira, às 14 horas. O capitão
Maurício veio buscar-me em companhia de dois policiais e disse: ‘Você agora vai
conhecer a sucursal do inferno’. Algemaram minhas mãos, jogaram me no
porta-malas da perua. No caminho as torturas tiveram início: cutiladas na
cabeça e no pescoço, apontavam-me seus revólveres”.
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