Por Gabriela
Güllich
Em
setembro de 1974, Mário Prata, então repórter no jornal Última Hora, publicou
uma entrevista com Julinho da
Adelaide, compositor que vinha ganhando fama no espaço da MPB. Nessa
entrevista, Julinho contou, entre outras coisas, como acabou ficando conhecido
no meio artístico e de onde veio seu nome. “Eu
me chamo Julinho da Adelaide porque todo mundo só me chama assim lá no morro.
Acontece que a minha mãe é mais famosa do que eu lá no Rio. Minha mãe é
célebre(...) O feijão branco dela é conhecido lá no morro. Então todo mundo
perguntava assim: qual Julinho? O Julinho da Adelaide”.
Julinho
da Adelaide, compositor de sucessos como Acorda
Amor, Jorge Maravilha e Milagre Brasileiro foi, na verdade, um
pseudônimo criado por Chico Buarque para burlar a censura. A entrevista com
Julinho – que no caso era o próprio Chico –, foi feita na casa do pai do artista,
o ensaísta Sérgio Buarque de Holanda.
Mário
Prata conta que “Antes de começar, o
Chico pediu um tempo e subiu para o seu antigo quarto. Ficou uma hora lá e
quando desceu e pediu para ligar o gravador já não era ele, mas o
Julinho."
Todos
na casa entraram na brincadeira. O pai de Chico buscou em um de seus livros uma
foto para representar Adelaide, que acabou sendo a foto que ilustrou a matéria.
Leonel, irmão de Julinho, citado várias vezes como o orientador de sua carreira
e irmão fiel era, na verdade, uma referência ao irmão do próprio Mário Prata.
Julinho
tinha duas cicatrizes devido ao violão que fora jogado em sua direção por
Sergio Ricardo em um festival de música. Esse acontecimento fez com que o
compositor despertasse para a música, mas ao mesmo tempo era o motivo pelo qual
não gostava de mostrar o rosto. Com essa desculpa, nenhuma foto de Julinho foi
publicada pelo jornal.
Aliás,
o incidente do violão atirado na plateia por Sérgio Ricardo é verdadeiro.
Aconteceu no III Festival de Música Brasileira, em 1967. O compositor tentou
apresentar sua Beto Bom de Bola,
música sobre desventura de um craque de futebol no ostracismo. Sem conseguir
cantar devido à vaia, Sérgio irritou-se, quebrou o violão e o atirou na
plateia. É óbvio que Chico Buarque não foi atingido. Ele estava nos bastidores
preparando-se para apresentar Roda Viva,
que ficou em 3º lugar nesse festival.
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