Descrição para cegos: a foto mostra integrantes da mesa de debates durante a audiência da Comissão da Verdade. |
Por Sandro Alves de França
A Paraíba registrou diversos casos de abusos, violência e restrições operadas pela repressão da Ditadura Militar (1964-1985). A Comissão Estadual a verdade foi instalada em março de 2013 para apurar as violações cometidas no estado e a paraibanos em outros estados.
Durante audiência realizada em abril, na UFPB, a Comissão da Verdade debateu a ação do regime militar pra restringir a liberdade de imprensa e censurar jornais, rádios, livros, filmes e peças de teatro. Qualquer veículo de imprensa ou conteúdo artístico que tivesse uma abordagem política mais direta ou incomodasse os interesses do regime.
Durante audiência realizada em abril, na UFPB, a Comissão da Verdade debateu a ação do regime militar pra restringir a liberdade de imprensa e censurar jornais, rádios, livros, filmes e peças de teatro. Qualquer veículo de imprensa ou conteúdo artístico que tivesse uma abordagem política mais direta ou incomodasse os interesses do regime.
Os jornalistas Gonzaga Rodrigues, Biu
Ramos e Teócrito Leal relataram situações de assédio e intimidação operadas
pelos órgãos da ditadura para cercear o trabalho da imprensa. “Era uma fase
triste, de tensão e apreensão constantes. Eram constantes os despachos e a
Polícia Federal determinava o que podia e o que não podia ser publicado”,
lembrou Biu Ramos. “Geralmente mandavam um telegrama dizendo ‘está proibido
divulgar notícia sobre tal pessoa”, exemplifica ele.
Biu revelou ainda que sob a pressão
constante os próprios jornalistas começaram a censurar sua produção para não
sofrer sanções de agências de controle da ditadura. “O pior da censura é a
autocensura”, ressaltou.
Também foram lembrados casos de
profissionais de imprensa paraibana que sofreram tortura à época, como Jório Machado
e João Manuel de Carvalho.
Representando a classe artística, a
atriz Zezita Matos relembrou sua ação na militância cultural através do Teatro
Popular, que era uma estratégia de promover educação e conscientização política
através da atividade teatral. “Era um teatro com viés crítico, político e
libertário”, ressaltou ela. “Fazíamos peças críticas aos grandes latifundiários
da época”.
Ela revelou que assumiu na sua
atividade de atriz uma postura de contestação às injustiças sociais e ao
autoritarismo. Ela foi perseguida pela repressão e escapou de ser presa por
usar um nome artístico que não constava nos seus documentos oficiais. Depois
incorporou legalmente esse nome. Perguntada se a opção difícil que fez é algo
que ela segue considerando importante, Zezita não titubeou. “Eu recomeçaria
tudo outra vez. Aliás, já estou recomeçando como meu grupo de teatro, porque
acredito no papel transformador da arte”, concluiu ela.
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