“Mataram um estudante. Podia ser seu filho!”

Descrição para cegos: foto de estudantes carregando o caixão de Edson Luís. O caixão está coberto com a bandeira brasileira e, sobre esta, algumas flores.

                                          Por Marina Ribeiro

Em 28 de março de 1968, policiais armados invadiram o restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, onde estudantes protestavam contra a má qualidade da comida. Era o quarto ano do regime militar e a tensão com os civis só aumentava. Na invasão, o estudante paraense Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, foi morto com um tiro a queima roupa. A fim de impedir que os policiais sumissem com o corpo, seus colegas o carregaram até a Assembleia Legislativa, onde foi velado. No velório cobriram seu corpo com a bandeira brasileira e cartazes de protesto contra a violência policial e a ditadura.

No dia seguinte, cerca de 50 mil pessoas acompanharam seu enterro. A cidade parou. Durante o cortejo, ouviam-se gritos de “Mataram um estudante. Podia ser seu filho” e palavras de ordem contra os militares. O estudante foi enterrado ao som do Hino Nacional. Sua morte causou comoção nacional, principalmente entre os estudantes, que organizaram greves e protestos contra a ditadura em todo o país.

O caso de Edson Luiz tornou-se um marco do movimento estudantil pela democracia e o início de mobilizações contra a ditadura militar. As manifestações que aconteceram em decorrência de sua morte foram decisivas para a realização da Passeata dos Cem Mil, uma das maiores manifestações contra a ditadura no país, em 26 de junho de 1968, que contou com o apoio de artistas e intelectuais como Chico Buarque e Clarice Lispector.

Oito anos após o ocorrido, Milton Nascimento lançou a música Menino, em homenagem a Edson Luís. Em 2008, no aniversário de 40 anos de sua morte, uma estátua em sua homenagem foi inaugurada na Praça Ana Amélia, no Rio de Janeiro. Até hoje, Edson é lembrado como um símbolo dos estudantes e de todos que sofreram com a ditadura militar. 

Este vídeo, retirado do filme Jango, de Silvio Tendler, mostra imagens do cortejo fúnebre de Edson Luís, ao som da música Menino, de Milton Nascimento.