Descrição para cegos: a imagem contém um papel escrito "O Pasquim" e logo abaixo "a subversão do humor". |
Por Bianca Patrícia
O Pasquim foi
um semanário alternativo brasileiro de grande importância na oposição ao regime
militar que dialogou intensivamente com a contracultura à medida em que a
repressão crescia no país. Foi idealizado no final de 1968 pelo cartunista
Jaguar (Sérgio Jaguaribe), e pelos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral.
Teve
a sua primeira edição em 26 de junho de 1969, mesmo ano em que foi instaurada a
censura prévia aos meios de comunicação no país. Resultou em um grande sucesso
editorial: em seu auge chegou a alcançar uma tiragem de 200 mil exemplares.
O
nome do jornal, proposto por Jaguar, que significa “jornal difamador” ou
“folheto injurioso”, representava a consciência de seus autores a respeito das
críticas que estariam por vir a cada uma de suas edições. O formato criativo,
irônico e inteligente d’O Pasquim,
muitas vezes, desafiava a inteligência dos censores que, sem entende-lo,
acabavam por permitir a publicação de conteúdos, por mais controversos que
fossem à ideologia estabelecida e reproduzida pelos militares.
Contando
com a participação de figuras de destaque na imprensa brasileira como Ziraldo,
Millôr Fernandes, Henfil, Paulo Francis e outros, esse jornalismo de
resistência alternativo tornou-se um modelo imitado por diversos periódicos
posteriores.
Em
1970, após a publicação de uma sátira do conhecido quadro de Dom Pedro às
margens do Ipiranga, a maior parte da redação do jornal foi presa. Todavia,
suas atividades foram mantidas mediante a editoria de Millôr e com a
colaboração de intelectuais cariocas como Chico Buarque e Gláuber Rocha. Essa
atuação contrariou as expectativas dos militares, que aspiravam a saída de
circulação do semanário e a perda de interesse de seus leitores.
O Pasquim
ainda enfrentou boicote de anunciantes pressionados pela ditadura, atentados a
bomba, incêndios nas bancas que o vendiam e novas prisões de integrantes da sua
redação.
Seu
pioneirismo abriu espaço para novas publicações de oposição ao regime, algumas
que sequer tinham viés humorístico ou satírico, como Opinião e Movimento, mas
que assimilaram as estratégias de produção e circulação do semanário carioca.
Nos
últimos anos da ditadura, com quase toda a imprensa já na oposição ao regime –
a exceção era o grupo Globo – o jornal entrou em declínio, mas resistiu até 11
de novembro de 1991, quando circulou sua última edição.
Vale a pena conhecer mais sobre a história desse jornal, contada em livros e documentários como O Pasquim – A Subversão pelo Humor, lançado em 2004 pela TV Câmara, rico de depoimentos de seus fundadores. Veja aqui:
Vale a pena conhecer mais sobre a história desse jornal, contada em livros e documentários como O Pasquim – A Subversão pelo Humor, lançado em 2004 pela TV Câmara, rico de depoimentos de seus fundadores. Veja aqui:
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